Arquivo de Política e Sociedade - Liberdade Racional https://liberdaderacional.com.br/category/politica-cultura-e-sociedade/politica-e-sociedade/ Notícias e análises críticas sobre ciência, tecnologia e poder Sun, 01 Jun 2025 19:51:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 https://liberdaderacional.com.br/wp-content/uploads/2025/06/cropped-cropped-ChatGPT-Image-1-de-jun.-de-2025-13_14_08-32x32.png Arquivo de Política e Sociedade - Liberdade Racional https://liberdaderacional.com.br/category/politica-cultura-e-sociedade/politica-e-sociedade/ 32 32 A Corrida Polar no Ártico https://liberdaderacional.com.br/2025/05/27/a-corrida-polar-no-artico/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=a-corrida-polar-no-artico https://liberdaderacional.com.br/2025/05/27/a-corrida-polar-no-artico/#respond Tue, 27 May 2025 10:00:00 +0000 https://liberdaderacional.com.br/?p=193 Introdução O Ártico, região que circunda o Polo Norte, é um dos ambientes mais extremos e ricos em

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Introdução

O Ártico, região que circunda o Polo Norte, é um dos ambientes mais extremos e ricos em recursos naturais do planeta. Habitado por povos indígenas há pelo menos 4.000 anos, esse território enfrenta uma transformação sem precedentes devido às mudanças climáticas, que derretem o gelo e revelam vastos depósitos de petróleo, gás e minerais, além de novas rotas marítimas. A “Corrida Polar” no Ártico é uma competição global por esses recursos e por influência estratégica, envolvendo nações como Rússia, EUA, Canadá, países nórdicos e até a China. Este relatório explora os aspectos históricos, sociais, culturais, geopolíticos, ambientais e econômicos dessa disputa, com foco nos impactos sobre os povos indígenas e no futuro do planeta.

O Ártico tem sido habitado por povos indígenas por milênios, com registros de ocupação remontando a pelo menos 4.000 anos. Grupos como os Inuit, Sami, Yakuts, Chukchis e Samoyeds desenvolveram modos de vida adaptados às condições extremas, baseados em caça, pesca e pastoreio nômade. As sagas vikings, por exemplo, mencionam encontros com os “skrælingar”, provavelmente os Inuit, no século X. Durante a Pequena Idade do Gelo (1350-1850), o clima mais frio forçou os Inuit do Alto Ártico a migrar para o sul, abandonando a caça à baleia devido à escassez de baleias-da-groenlândia (Inuítes – Wikipédia).

A partir da década de 1950, a descoberta de depósitos minerais, como petróleo e gás, atraiu migrações e atividades industriais, transformando o Ártico. Oleodutos, gasodutos e transporte marítimo para países como EUA, Canadá, Rússia e Europa alteraram o espaço geográfico, marcando o início de uma nova era de exploração (Impactos no espaço geográfico do Ártico).

Contexto Social e Cultural

Os povos indígenas do Ártico, que representam cerca de 10% da população da região, incluem mais de 40 grupos étnicos, como Inuit, Sami, Nenets, Khanty, Evenk, Chukchi, Aleut e Yupik. Suas culturas são profundamente ligadas ao ambiente gelado, com práticas tradicionais de caça, pesca e pastoreio. No entanto, as mudanças climáticas e a expansão industrial estão ameaçando esses modos de vida.

  • Inuit: Habitantes do norte da América (Alasca, Canadá, Groenlândia), os Inuit dependem do gelo para caçar focas, baleias e outros animais. O degelo compromete rotas de caça, enquanto a erosão costeira força a realocação de comunidades como Shishmaref, no Alasca, onde mais de 85% das aldeias indígenas enfrentam enchentes e erosão (Mudanças climáticas no Ártico). A bióloga Inuit Victoria Qutuuq Buschman destacou que as alterações climáticas afetam a localização de animais, exigindo maior esforço para caça e pesca (Povo indígena Inuit alerta).
  • Sami: Conhecidos como lapões, os Sami vivem no norte da Europa (Finlândia, Suécia, Noruega, Rússia). Tradicionalmente nômades, dependem da criação de renas, mas o aquecimento global altera os padrões de migração desses animais. A expansão de projetos energéticos e industriais também ameaça suas terras (Povo indígena Sámi).
  • Outros grupos: Povos como Yakuts, Chukchis e Samoyeds, na Sibéria, enfrentam desafios semelhantes, com o degelo do permafrost comprometendo habitações e meios de subsistência. A modernização e a globalização também introduzem mudanças culturais, ameaçando tradições milenares (Impactos no espaço geográfico do Ártico).

A rápida transformação do Ártico está erodindo a identidade cultural desses povos, que lutam para preservar suas tradições em meio à pressão econômica e ambiental.

Contexto Geopolítico

O Ártico é dividido em três eixos geopolíticos: o Ártico Eurasiano (liderado pela Rússia), o Ártico Europeu (países nórdicos) e o Ártico Norte-Americano (Canadá, EUA, Groenlândia). A competição por recursos e rotas marítimas intensifica as tensões entre essas nações.

  • Rússia: Com a maior costa ártica, a Rússia investe em bases militares e exercícios navais, especialmente após a invasão da Ucrânia, que aumentou as tensões com a OTAN (Ártico em perigo). Ela também explora petróleo e gás offshore.
  • EUA: Os EUA buscam expandir sua influência, com interesse em adquirir a Groenlândia, sob tutela dinamarquesa, devido à sua posição estratégica e riqueza mineral. A base de Thule, na Groenlândia, é vital para a defesa antimísseis (Ártico em perigo).
  • Canadá: Disputa com os EUA a soberania sobre a Passagem do Noroeste, uma rota marítima que se torna navegável com o degelo.
  • China: Embora não seja um país ártico, a China se autoproclama “Estado próximo ao Ártico” e investe na Rota do Mar do Norte e em mineração, especialmente na Sibéria russa, gerando preocupações nos EUA (Ártico em perigo).
  • Países nórdicos: Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia buscam equilibrar exploração econômica com sustentabilidade, mas enfrentam pressões de potências maiores.

A Rota do Mar do Norte, que pode reduzir o tempo de navegação entre Ásia e Europa, é um ponto central dessa disputa, beneficiando principalmente Rússia e China.

Impactos Ambientais

O Ártico aquece duas vezes mais rápido que a média global, com a extensão de gelo marinho no inverno de 2025 sendo 1,4 milhão de km² inferior à média de 30 anos (Ártico em perigo). Projeções indicam que o verão ártico pode ficar livre de gelo até 2050, alterando drasticamente o ecossistema.

  • Degelo do permafrost: Libera metano, um gás de efeito estufa 25 vezes mais potente que o CO₂, e compromete infraestruturas como estradas e edifícios (Geografia – Regiões polares).
  • Vida selvagem: Espécies como ursos-polares, focas e raposas árticas perdem habitats, enquanto a migração de peixes é alterada, afetando a pesca indígena.
  • Riscos de exploração: A extração de petróleo e gás em águas geladas aumenta o risco de derramamentos, difíceis de conter em condições árticas, com impactos devastadores para o ecossistema (Geografia – Regiões polares).

Esses impactos têm consequências globais, já que o Ártico regula as temperaturas mundiais e influencia o nível do mar.

Aspectos Econômicos

O Ártico abriga cerca de 22% das reservas mundiais de petróleo e gás ainda não descobertas, além de minerais estratégicos como terras raras (Ártico em perigo). Países como Noruega e Rússia já exploram esses recursos, mas os custos são altos devido às condições extremas. A Rota do Mar do Norte, que reduz o tempo de navegação entre Ásia e Europa, promete benefícios econômicos, mas exige investimentos massivos em infraestrutura. A exploração, no entanto, gera conflitos com comunidades indígenas e riscos ambientais significativos.

Presença Militar

A militarização do Ártico está em ascensão. A Rússia modernizou sua frota naval e aumentou patrulhas aéreas, enquanto os EUA investem em quebra-gelos e bases no Alasca. A base de Thule, na Groenlândia, é essencial para a defesa da OTAN (Ártico em perigo). Essa presença militar eleva o risco de conflitos, especialmente em disputas territoriais ou por recursos.

Perspectiva dos Povos Indígenas

Os povos indígenas do Ártico estão na linha de frente das mudanças climáticas e da expansão humana. Eles enfrentam:

  • Perda de terras: Erosão costeira e degelo forçam a realocação de comunidades, como Shishmaref, no Alasca (Mudanças climáticas no Ártico).
  • Erosão cultural: A industrialização e a globalização ameaçam tradições milenares, como a caça e o pastoreio.
  • Impactos à saúde: Alterações climáticas afetam a disponibilidade de alimentos tradicionais e aumentam o risco de doenças devido à liberação de patógenos do permafrost.
  • Exclusão das decisões: Apesar de sua conexão profunda com a região, os povos indígenas têm pouca influência no Conselho Ártico, onde suas vozes são frequentemente abafadas por governos e corporações (Impacto da mudança climática).

Grupos como os Inuit e Sami lutam por maior participação, destacando que seus conhecimentos tradicionais podem ajudar a enfrentar as mudanças climáticas. Por exemplo, os Sami, representados por parlamentos autônomos, buscam cooperação internacional para proteger suas terras (Povo indígena Sámi).

Tabela: Principais Aspectos da Corrida Polar no Ártico

AspectoDetalhesImpactos
GeopolíticaCompetição entre Rússia, EUA, Canadá, Noruega, Dinamarca, China e outros.Aumento de tensões e militarização.
Mudanças ClimáticasAquecimento duas vezes mais rápido, degelo de 1,4 milhão de km² em 2025.Abertura de rotas, elevação do nível do mar, emissões de metano.
Recursos22% das reservas de petróleo e gás, minerais como terras raras.Riscos de derrames de petróleo, altos custos de extração.
Povos IndígenasInuit, Sami, Yakuts enfrentam perda de terras e cultura.Realocação de comunidades, erosão cultural.
MilitarizaçãoBases russas, quebra-gelos americanos, base de Thule na Groenlândia.Risco de conflitos territoriais.
Presença ChinesaInvestimentos em rotas marítimas e mineração, parcerias com a Rússia.Preocupação com influência estratégica de Pequim.
Impactos AmbientaisDerrames de petróleo, emissões de metano, perda de habitats.Danos ao ecossistema ártico e ao clima global.

Conclusão

A Corrida Polar no Ártico é um fenômeno complexo, envolvendo interesses econômicos, estratégicos e ambientais. O aquecimento global acelera a competição, mas também ameaça o frágil ecossistema ártico e os povos indígenas. A militarização e a entrada de atores como a China aumentam as tensões, enquanto a exploração de recursos pode ter consequências globais. Proteger o Ártico exige cooperação internacional, com foco na sustentabilidade e nos direitos indígenas, para garantir que o progresso não venha às custas de culturas milenares e do equilíbrio climático global.

Pontos-Chave:

  • O Ártico é palco de uma disputa global por recursos naturais e rotas marítimas, impulsionada pelo aquecimento global, que derrete o gelo e revela novas oportunidades econômicas.
  • Povos indígenas, como Inuit e Sami, enfrentam perda de terras, erosão cultural e exclusão em decisões, apesar de sua conexão milenar com a região.
  • A competição envolve Rússia, EUA, Canadá, países nórdicos e até a China, com tensões crescentes devido à militarização e interesses econômicos.
  • O aquecimento global, duas vezes mais rápido no Ártico, ameaça ecossistemas e libera gases de efeito estufa, com impactos globais.
  • A exploração de 22% das reservas mundiais de petróleo e gás pode causar danos ambientais irreversíveis, como derrames de óleo.

O que é a Corrida Polar?
A Corrida Polar no Ártico refere-se à competição entre nações por recursos naturais, como petróleo, gás e minerais, e por novas rotas marítimas abertas pelo degelo. Essa disputa, intensificada pelas mudanças climáticas, envolve questões geopolíticas, econômicas e ambientais, com impactos diretos sobre os povos indígenas.

Impactos nos Povos Indígenas
Os Inuit, Sami e outros povos indígenas enfrentam desafios como a perda de rotas de caça devido ao degelo, realocação de comunidades por erosão costeira e ameaças à sua cultura. Suas vozes são frequentemente ignoradas em decisões sobre o Ártico, apesar de sua importância histórica e cultural.

Riscos Ambientais e Geopolíticos
O Ártico aquece duas vezes mais rápido que a média global, com o gelo marinho em níveis historicamente baixos. Isso abre rotas como a Rota do Mar do Norte, mas também aumenta riscos de derrames de petróleo e emissões de metano. Geopoliticamente, a Rússia lidera a militarização, enquanto os EUA e a China buscam influência estratégica.

Por que isso importa?
A Corrida Polar não é apenas uma disputa por recursos; ela reflete como o colapso climático cria novas fronteiras de conflito. Proteger o Ártico exige equilibrar interesses econômicos com a preservação ambiental e os direitos indígenas.

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Política Internacional https://liberdaderacional.com.br/2025/05/17/tensoes-migratorias-no-reino-unido-o-novo-plano-de-keir-starmer/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=tensoes-migratorias-no-reino-unido-o-novo-plano-de-keir-starmer https://liberdaderacional.com.br/2025/05/17/tensoes-migratorias-no-reino-unido-o-novo-plano-de-keir-starmer/#respond Sat, 17 May 2025 13:48:01 +0000 https://newlifeforall7.wordpress.com/?p=53 Tensões Migratórias no Reino Unido: O Novo Plano de Keir Starmer Em 16 de maio de 2025, o

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Tensões Migratórias no Reino Unido: O Novo Plano de Keir Starmer

Em 16 de maio de 2025, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou medidas mais duras contra a imigração, incluindo restrições de vistos e a criação de “centros de retorno” em países terceiros. A decisão, feita sob pressão da ultradireita, reflete um debate crescente sobre migração não apenas no Reino Unido, mas em toda a Europa. O que está por trás dessas medidas? E quais são as consequências para o país e o continente?

O contexto da crise migratória

O Reino Unido tem enfrentado um aumento no número de migrantes chegando pelo Canal da Mancha, com barcos pequenos transportando milhares de pessoas de países como Síria, Afeganistão e Eritreia. Em 2024, mais de 50 mil migrantes cruzaram o canal, um recorde desde o Brexit. Esses números alimentaram tensões políticas, com partidos de ultradireita, como o Reform UK, acusando o governo de “perder o controle” das fronteiras.

Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, assumiu o cargo em 2024 com a promessa de uma abordagem “humana, mas firme” para a imigração. No entanto, a pressão de movimentos populistas e a insatisfação pública o levaram a adotar uma postura mais rígida, distanciando-se de sua base progressista.

As novas medidas

As políticas anunciadas por Starmer incluem:

  • Restrições de vistos: Redução de vistos para trabalhadores de setores como saúde e construção, que dependem de mão de obra estrangeira. Isso visa “priorizar trabalhadores britânicos”, mas já preocupa empregadores.
  • Centros de retorno: Inspirados no controverso plano de Ruanda (que deportava migrantes para o país africano), Starmer propõe acordos com nações como Albânia e Turquia para criar centros onde migrantes seriam processados ou deportados.
  • Patrulhas reforçadas: Mais recursos para a guarda costeira e cooperação com a França para deter barcos no Canal da Mancha.
  • Penas mais duras: Aumento das punições para traficantes de pessoas e empregadores que contratam trabalhadores sem documentos.

Por que isso está acontecendo?

A decisão de Starmer é uma resposta direta à crescente influência da ultradireita. Líderes como Nigel Farage têm capitalizado o descontentamento com a imigração, associando-a a problemas como desemprego e pressão sobre serviços públicos. Pesquisas recentes mostram que 60% dos britânicos querem controles migratórios mais rígidos, embora muitos também reconheçam a contribuição de migrantes para a economia.

Além disso, o Reino Unido enfrenta desafios econômicos pós-Brexit, incluindo escassez de mão de obra em setores como agricultura e saúde. Paradoxalmente, as novas restrições podem agravar essas carências, enquanto a retórica anti-imigração busca aplacar a opinião pública.

O impacto no Reino Unido e na Europa

As medidas de Starmer têm implicações significativas:

  • No Reino Unido:
    • Economia: Setores como o NHS (sistema público de saúde) dependem de enfermeiros e médicos estrangeiros. Restrições de vistos podem levar a crises de pessoal.
    • Sociedade: A retórica anti-imigração pode aumentar tensões raciais, como visto em protestos recentes em cidades como Londres e Birmingham.
    • Política: Starmer arrisca alienar sua base progressista, enquanto a ultradireita pode continuar ganhando terreno se as medidas não reduzirem os números de migrantes.
  • Na Europa: O plano reflete uma tendência continental. Países como Itália, Hungria e Dinamarca também adotaram políticas anti-imigração, enquanto a Alemanha enfrenta pressões semelhantes. A ideia de “centros de retorno” em países terceiros, porém, é criticada por ONGs como a Anistia Internacional, que alegam violações de direitos humanos.

Reações e críticas

Organizações de direitos humanos condenaram as medidas, chamando os centros de retorno de “desumanos” e comparando-os a campos de detenção. Ativistas apontam que migrantes, muitos fugindo de guerras ou perseguições, merecem processos justos de asilo. Por outro lado, apoiadores das políticas, incluindo eleitores conservadores, veem a abordagem como necessária para “restaurar a soberania” pós-Brexit.

Economistas alertam que a redução de trabalhadores migrantes pode custar bilhões à economia britânica, especialmente em setores já fragilizados. Enquanto isso, países como a França exigem mais cooperação financeira do Reino Unido para patrulhar o Canal da Mancha, criando tensões diplomáticas.

O que vem por aí?

O sucesso do plano de Starmer depende de sua capacidade de reduzir as travessias no Canal da Mancha sem comprometer a economia ou os direitos humanos. No curto prazo, os centros de retorno enfrentarão desafios legais, enquanto as restrições de vistos podem gerar protestos de indústrias. A longo prazo, o Reino Unido precisa enfrentar as causas profundas da migração, como conflitos globais e desigualdades econômicas.

Na Europa, o debate sobre imigração está longe de acabar. Com eleições em países como Portugal e Alemanha se aproximando, a questão deve continuar dominando a política continental.

E você, o que acha?

As medidas de Starmer são a solução para a crise migratória ou um passo na direção errada? Deixe seu comentário : “O Reino Unido deve endurecer as regras de imigração? 🗳” Juntos, podemos entender melhor esse desafio global.

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Política Ambiental https://liberdaderacional.com.br/2025/05/17/24/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=24 https://liberdaderacional.com.br/2025/05/17/24/#respond Sat, 17 May 2025 11:51:45 +0000 https://newlifeforall7.wordpress.com/?p=24 Químicos Eternos: Por que 158 milhões de americanos estão em risco? Publicado em 17 de maio de 2025Redação

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Químicos Eternos: Por que 158 milhões de americanos estão em risco?

Publicado em 17 de maio de 2025
Redação Liberdade Racional


Em 16 de maio de 2025, uma decisão do governo de Donald Trump chocou especialistas em saúde pública: os limites para os chamados “químicos eternos” (PFAS) na água potável foram eliminados. Como resultado, cerca de 158 milhões de americanos estão agora expostos a água potencialmente contaminada. Mas o que são esses PFAS? Por que essa medida é tão controversa? E o que isso significa para o futuro da saúde pública nos Estados Unidos?

Chamados tecnicamente de PFAS (substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas), esses compostos químicos sintéticos são usados desde os anos 1940 em uma vasta gama de produtos do cotidiano. Estão presentes, por exemplo, em:

  • Panelas antiaderentes (como o Teflon)
  • Embalagens de fast-food
  • Roupas impermeáveis
  • Espumas de combate a incêndios
  • Cosméticos e ceras industriais
PFAS na água potável representam um risco à saúde da população

O apelido “químicos eternos” vem de sua resistência: eles não se degradam no meio ambiente nem no corpo humano, acumulando-se ao longo do tempo no solo, na água e até no sangue.

Estudos da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que 99% dos americanos têm traços de PFAS no corpo. Esses compostos estão ligados a problemas graves de saúde, incluindo:

  • Câncer (especialmente de rim e testículo)
  • Doenças hepáticas e da tireoide
  • Infertilidade e complicações na gravidez
  • Distúrbios no desenvolvimento de crianças

Até recentemente, a EPA mantinha regulamentações que limitavam os níveis de PFAS na água potável, com padrões rígidos para proteger a população. No entanto, o governo Trump, em uma política de desregulamentação, removeu esses limites, argumentando que as regras eram burocráticas e aumentavam custos para indústrias químicas e manufatureiras. A decisão foi tomada em meio a pressões de lobistas de setores que dependem de PFAS, como a indústria de plásticos e defesa.

Como resultado, sistemas de abastecimento de água em dezenas de estados agora operam sem restrições claras, afetando cerca de 158 milhões de pessoas — quase metade da população dos EUA. Cidades como Flint, Michigan, já marcadas por crises de água, e comunidades rurais com poços contaminados estão entre as mais vulneráveis.

A exposição prolongada a PFAS, mesmo em pequenas quantidades, é perigosa. Um estudo de 2023 da Universidade de Harvard estimou que níveis acima de 2 nanogramas por litro na água potável já aumentam riscos de câncer. Em muitas regiões, os níveis atuais superam 70 nanogramas por litro, especialmente perto de fábricas ou bases militares onde PFAS foram usados em grande escala.

Além disso:

  • Tratar água contaminada e lidar com doenças relacionadas a PFAS pode custar bilhões de dólares aos sistemas de saúde e governos locais
  • Comunidades de baixa renda, frequentemente próximas a zonas industriais, enfrentam riscos desproporcionais, aprofundando desigualdades de saúde
  • PFAS não respeitam fronteiras: rios e oceanos contaminados afetam também países como o Canadá e o México

Ambientalistas e cientistas criticaram duramente a medida. A ONG Environmental Working Group chamou a decisão de “irresponsável”, enquanto médicos alertam para um aumento de casos de câncer e doenças crônicas nas próximas décadas. Por outro lado, defensores da desregulamentação, incluindo algumas associações industriais, alegam que os riscos são exagerados e que a economia americana precisa de “flexibilidade” para competir globalmente.

Imagem de lixo e entulho às margens de um rio poluído, representando contaminação ambiental.
“Lixo e resíduos acumulados às margens de um rio: a face visível de um problema invisível.”

No curto prazo, estados como Nova York e Califórnia estão tentando impor suas próprias regulamentações, mas enfrentam desafios legais e financeiros. Soluções como filtros de carvão ativado ou osmose reversa podem remover PFAS da água, mas são caras e inacessíveis para muitas comunidades.


E no Brasil? Estamos protegidos?

Embora o debate sobre PFAS esteja mais avançado nos Estados Unidos e na União Europeia, o Brasil ainda engatinha no controle dessas substâncias. Estudos acadêmicos e reportagens isoladas já detectaram a presença de PFAS em rios, represas e estações de tratamento de água em estados como São Paulo, Paraná e Pernambuco. No entanto, o país não possui legislação específica nem limites definidos para a presença desses compostos na água potável.

Um levantamento feito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 2022 encontrou níveis preocupantes desses compostos em amostras de água e solo próximas a aterros sanitários e regiões industriais. Ainda assim, faltam dados consolidados, e o tema segue ausente do debate legislativo e regulatório.

Enquanto isso, a água consumida por milhões de brasileiros pode conter traços invisíveis de compostos cancerígenos, sem que haja monitoramento obrigatório ou alertas à população.


O futuro incerto dos “químicos eternos”

A decisão do governo Trump expõe um dilema recorrente entre interesses econômicos e o direito à saúde pública. Os PFAS estão por toda parte — mas a resposta institucional segue fragmentada, tímida ou capturada por pressões da indústria.

Nos Estados Unidos, 158 milhões de pessoas já vivem esse risco silencioso. No Brasil, a ausência de dados e de fiscalização pode estar camuflando uma crise invisível e crescente.

A pergunta que persiste é direta e incômoda: até quando deixaremos os “químicos eternos” moldarem nosso destino silenciosamente?

💧 Assista também ao vídeo-documentário exclusivo produzido pelo canal Oficina do Infinito sobre este tema:

Os chamados “químicos eternos” (PFAS) afetam milhões de pessoas e estão presentes na sua água, no solo e até no seu corpo. O governo dos EUA tomou uma decisão radical em 2025. Entenda os riscos, os impactos e o que isso tem a ver com o Brasil no vídeo abaixo:


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