O Telescópio Espacial James Webb (JWST) acaba de alcançar um marco histórico na astronomia ao identificar a maior amostra de grupos de galáxias já registrada, com 1.678 grupos observados na área COSMOS, localizada na constelação de Sextans. Essa descoberta, parte do levantamento COSMOS-Web, cobre 12 bilhões de anos de história do universo, desde quando ele tinha apenas 1,9 bilhão de anos até estruturas mais recentes. Liderada por Ghassem Gozaliasl, da Universidade Aalto, na Finlândia, a pesquisa foi publicada na prestigiada revista Astronomy & Astrophysics e promete revolucionar nosso entendimento sobre a formação de galáxias e a estrutura do cosmos.

O que é o Levantamento COSMOS-Web?
O COSMOS-Web é um dos projetos mais ambiciosos do JWST, utilizando 255 horas de observação com o instrumento Near-Infrared Camera (NIRCam). A área observada, de 0,54 graus quadrados, é relativamente pequena no céu, mas incrivelmente rica em informações, capturando 389.248 galáxias. Essas galáxias foram analisadas em profundidades que permitem ver objetos extremamente distantes e fracos, graças à sensibilidade do JWST no infravermelho. A pesquisa abrange galáxias em um intervalo de redshift (desvio para o vermelho) de z = 0,08 a z = 3,7, o que corresponde a observar o universo desde sua infância até cerca de metade de sua idade atual, estimada em 13,8 bilhões de anos.
O algoritmo AMICO (Adaptive Matched Identifier of Clustered Objects) foi usado para identificar os 1.678 grupos de galáxias, dos quais 509 são candidatos a protoaglomerados em redshifts altos (z ≥ 2), incluindo 316 novos objetos nunca antes catalogados. A precisão dos dados foi confirmada por simulações, com 90% de pureza para detecções de maior qualidade e 80% de completude para grupos com riqueza significativa.
Destaque para o Protoaglomerado AmicOne
Entre as descobertas, destaca-se o AmicOne, um candidato a protoaglomerado observado quando o universo tinha entre 2,5 e 3 bilhões de anos (z ~ 2,5–3,0). Composto por 14 núcleos e com um tamanho de aproximadamente 20 megaparsecs (cerca de 65 milhões de anos-luz), o AmicOne é uma das maiores estruturas já identificadas em um universo tão jovem. Ele se estende por 600 megaparsecs em redshift, indicando uma formação massiva que pode evoluir para um aglomerado de galáxias no futuro.
Por que Essa Descoberta é Importante?
- Formação de galáxias: Como galáxias se agrupam e interagem gravitacionalmente ao longo de bilhões de anos.
- Matéria escura: Como ela influencia a formação de grandes estruturas cósmicas.
- Buracos negros supermassivos: Seu papel no crescimento e na dinâmica das galáxias.
- Gases intergalácticos: Como eles afetam o ambiente entre galáxias.
A pesquisa também sugere que estruturas massivas podem ter se formado muito antes do que os modelos atuais preveem, desafiando nosso entendimento da evolução cósmica. Um post no X de @cosmos4u, datado de 19 de maio de 2025, destacou que essas observações reforçam a ideia de que as primeiras estruturas pronunciadas do universo surgiram em estágios iniciais.

Comparação com Outras Observações
O JWST supera observações anteriores, como o Campo Profundo do Hubble (1995, ~3.000 galáxias) e o Campo Ultraprofundo do Hubble (2004, ~10.000 galáxias), que alcançaram até 13,2 bilhões de anos-luz. A capacidade do JWST de observar no infravermelho permite detectar galáxias mais distantes e obscuras. Por exemplo, a imagem de SMACS 0723 (2022) revelou galáxias de 4,6 bilhões de anos atrás, enquanto a imagem de Pandora’s Cluster (2023) destacou aglomerados massivos. O COSMOS-Web, porém, é único por sua combinação de profundidade e área, capturando milhares de galáxias em uma única visão.
Imagens Deslumbrantes do Cosmos
As imagens do COSMOS-Web, divulgadas pela ESA/Webb, mostram um “banquete cósmico” de galáxias, com pontos de luz branco-dourados representando grupos massivos. Uma imagem específica destaca um grupo visto quando o universo tinha 6,5 bilhões de anos, menos da metade de sua idade atual. Essas imagens combinam dados do JWST com observações do Telescópio Espacial Hubble e do XMM-Newton da ESA, parte do Cosmic Evolution Survey (COSMOS). Os créditos vão para a equipe COSMOS-Web, incluindo G. Gozaliasl, A. Koekemoer e M. Franco.
Onde Encontrar Mais Informações?
O catálogo completo de grupos e suas galáxias está disponível no CDS archive. Detalhes do projeto COSMOS-Web podem ser encontrados em cosmos.astro.caltech.edu. O artigo científico, intitulado “The COSMOS-Web galaxy group catalog: I. The largest sample of galaxy groups at 0.08 < z < 3.7”, está acessível em Astronomy & Astrophysics.
O Futuro da Astronomia com o JWST
Essa descoberta é apenas o começo do que o JWST pode revelar. Com sua capacidade de enxergar o universo em seus estágios mais primitivos, o telescópio está reescrevendo a história do cosmos. A equipe do COSMOS-Web planeja continuar analisando os dados, buscando mais pistas sobre como as galáxias e as estruturas que as abrigam evoluíram ao longo de bilhões de anos. Para os entusiastas da astronomia, este é um momento emocionante, com o JWST nos levando mais perto das origens do universo do que nunca.
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