🗓️ 19 de maio de 2025
Uma descoberta de tirar o fôlego está mobilizando a comunidade científica internacional: astrônomos utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST) detectaram moléculas potencialmente biológicas na atmosfera do exoplaneta K2-18 b, localizado a 124 anos-luz da Terra. Seria este o primeiro indício sólido de vida fora do nosso planeta?
O que foi descoberto?
A equipe liderada pelo Prof. Nikku Madhusudhan, da Universidade de Cambridge, identificou dimetil sulfeto (DMS) e dimetil dissulfeto (DMDS) na atmosfera do planeta, utilizando o instrumento MIRI do JWST. Essas moléculas, aqui na Terra, são produzidas por organismos vivos, como fitoplâncton e bactérias marinhas — e sua presença fora do nosso planeta levanta a possibilidade intrigante de vida microbiana extraterrestre.
A detecção tem um nível de confiança de três sigma, o que significa que há apenas 0,3% de chance de ser um erro estatístico. Embora ainda não seja uma confirmação definitiva, o sinal é forte o suficiente para colocar K2-18 b no centro das atenções da astrobiologia.
Por que K2-18 b é tão especial?
K2-18 b é classificado como um sub-Netuno, com massa aproximadamente 9 vezes maior que a da Terra. Ele orbita uma estrela anã vermelha na chamada zona habitável — a região ao redor de uma estrela onde a água líquida pode existir.
O planeta é considerado um candidato a “mundo hycean”: um tipo de planeta com oceano profundo e atmosfera rica em hidrogênio, condições teóricas compatíveis com a vida. Descoberto em 2015 pelo telescópio Kepler, K2-18 b já havia mostrado, em 2023, sinais de metano e dióxido de carbono — agora, com as novas moléculas detectadas, o quebra-cabeça ganha uma peça ainda mais surpreendente.Estamos diante de vida extraterrestre?
É cedo para cravar. Embora o DMS e o DMDS sejam fortes bioassinaturas na Terra, também podem ser gerados por processos não biológicos, como atividade vulcânica ou impacto de cometas. A equipe do Prof. Madhusudhan ressalta que mais observações estão previstas com o JWST, para reforçar ou refutar essa possibilidade.
Se confirmado, esse achado representaria a primeira evidência concreta de vida fora da Terra — ainda que microscópica.

O papel do James Webb nessa revolução
O JWST vem se consolidando como a principal ferramenta para investigar exoplanetas com precisão inédita. Ao analisar a luz que passa pela atmosfera de K2-18 b durante o trânsito do planeta pela frente de sua estrela, o telescópio consegue identificar assinaturas moleculares invisíveis a outros instrumentos.
Essa descoberta mostra não apenas o potencial do telescópio, mas também o avanço da astrobiologia como campo científico ativo — em busca das respostas mais profundas que a humanidade já fez.
Por que essa descoberta importa?
Além do impacto científico, esse achado reacende o imaginário coletivo sobre vida no universo. Ele reforça a ideia de que planetas com condições favoráveis podem ser mais comuns do que imaginávamos, e que talvez não estejamos sozinhos.
Se vida microbiana pode surgir em um mundo oceânico a 124 anos-luz de distância, quantos outros mundos semelhantes podem estar esperando para serem descobertos?
E o que vem a seguir?
Mais observações com o JWST estão agendadas para avaliar a consistência dos dados e buscar outras possíveis moléculas indicativas de vida. Também é possível que novos telescópios terrestres e missões futuras, como o telescópio espacial Ariel da ESA, contribuam para essa investigação.
Fontes e Referências
- The Guardian
- NASA
- Universidade de Cambridge
- ESA (European Space Agency)